sexta-feira, 18 de maio de 2012

Lembrança


Conto os furos de bala na parede
Meu sorriso se vai
Lembro da minha amada
Conto os furos de bala na parede
Lembro da minha mãe
Lembro de meu pai
Passo a mão em meu peito molhado
Respirar dói
Conto os furos de bala na parede
Lembro dos machucados
Lembro do mertiolate
Conto os furos de bala na parede
Até que elas não doeram
Quando atravessaram meu corpo
Conto os furos de bala na parede
Somente para respirar dói
Meus olhos me enganam
Me vejo no jardim de casa
Deitado na rede
Enquanto meu filho  joga bola
Conto os furos de bala na parede
Meus olhos se piscam
Tento tocar no espaço um mundo diferente
Meus olhos embaçam
Conto os furos de bala na parede
Meus olhos se fecham...


David Mendes